terça-feira, 18 de outubro de 2011

Cuidado com a terra, que a volta virá... semeando desertos... ninguém colherá! Sylvio Genro


 

 

Sertão das águas


Arrepare n’água, seu moço
Parece ser tão igual
Mas o seu jeito de poço
Dá bem a cor do seu mal
Eu vô fiando essas rede
Tentando sobrevivê
Olhando o rio, que de sede
Já não faz mais que morrê

Meu pai contava, seu moço
Que em tempos do meu avô
Havia festa... alvoroço
Na volta dos pescadô

Agora as rede se some
Pelas fundeza do rio
E quando voltam os home
Só barco e olhos vazios
Não sei vivê doutro jeito
Sou pescadô de pequeno
De quando as água do leito
Não conheciam veneno

Vejo no olhar do meu filho
A mesma interrogação
Pra quê as rede que eu fio
Se a vida volta mais não?

terça-feira, 10 de maio de 2011

Show - dia 27 de maio

O grupo Caminhos de Si fará uma apresentação no dia 27 de maio, no clube Jaguarense, por ocasião do tombamento da cidade de Jaguarão como patrimônio histórico.

A entrada é gratuita e o show valerá como ponto de partida para o novo CD - Caminhos de si - o tempo, a ser lançado em 2012.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Él que no cambia todo, no cambia nada! Alfredo Zitarrosa



Poema do CD Caminhos de Si


Ameríndia

Quando eles vieram tão pouco possuíam
Porém se diziam donos desta terra
Trouxeram a guerra e doenças estranhas
Relegando um povo à dor e à miséria

Roubaram das matas a verde alegria
Quebrando a harmonia milenar deste chão
Despertaram a erosão que devora a planura
E inventaram na América a palavra extinção

Banharam de sangue os rios, antes puros
Levantando seus muros, cidades, prisões
Mataram milhões evocando a um Deus
Condenando uma raça a não ter mais futuro

Mas será que não somos mais índios que brancos?
Mas será que esta América não é mesmo Índia?

Quando eles vieram com seus armamentos
Já não houve mais tempo para a ingenuidade
Sobrou só a falsidade na jura dos reis
E na (in) justiça das leis só desigualdade

Hoje as tintas de guerra já não pintam guerreiros
Mas tão só prisioneiros que em reservas mal vistas
Margeiam autopistas vendendo lembranças
Adornos e enfeites para o lar dos turistas

Já não mais se escuta nas florestas e campos
A pureza dos cantos de mil tribos libertas
Mas talvez ainda ecoe nos acordes do vento
O terrível lamento de uma terra deserta!

Mas será que não somos mais índios que brancos?
Mas será que esta América não é mesmo Índia?



                                        Martim César

quinta-feira, 31 de março de 2011

Letra musicada por Hélio Ramirez e cantada no show do Caminhos de Si na Enfermaria Militar

O sal que verte no olhar


Do cerro do Matadouro

Chegava tropa e mais tropa

Restava a carne e o couro

Que a vida não tinha volta


O sal que vinha de Cádiz

Pra alimentar as charqueadas
Cobrava a vida do gado
E o sangue das mãos escravas

Mas que força é que separa
Os homens por suas cores
Se todos têm em sua alma
Iguais espinhos e flores?

Assim cresceram as cidades
Neste sul do continente

O sal...o suor...o charque

A confundir gado e gente

Às vezes... um fim de dia

Chegando em rubro sol-pôr

Mesclava em água e sangria
Dois rios e uma mesma cor

Mas que razão determina
A casa grande e a senzala?
Que lei humana ou divina
Justifica a dor escrava?

Restaram as cercas de pedra
Os casarões, as fachadas
E uma história que espera
Por ser ainda contada


Martim César

segunda-feira, 21 de março de 2011

O SONHO DE CERVANTES.wmv



Existe, sim! Existirá depois! E já existia antes!
Esse estranho sonho que sonhou Cervantes
E que sempre é o dilema de cada ser humano...

Existe, sim! Já existia antes! E existirá depois!
Porque como Cervantes também somos dois
Por vezes Quixote...por vezes Quijano...

Quijano entre seus livros, sonhando a aventura
Quixote em seu cavalo, com lança e armadura
(Que adormeça a realidade, o sonho é mais real)

Quijano envelhecendo em seu comum destino
Quixote – o corpo ereto, a alma de menino
O heróico cavaleiro sempre em luta contra o mal.


Martim César Gonçalves



Do CD "Caminhos de si", o poema de Martim César musicado por Paulo Timm.
A música foi tema da peça teatral "Don Quijote de La Mancha" adaptada da obra de Cervantes por Jorge Passos e Martim César.

A montagem foi realizada pelo Grupo " Alas de Cervantes" formada pelos alunos do Curso de Letras UCPel , Extensão Jaguarão, Sociedade Cultural Joaquim Caetano da Silva, em 2002, com várias apresentações no Teatro Esperança, Universidade Católica de Pelotas e no Teatro Sete de Abril.

CAMINHOS DE SI - MEMÓRIA


Esta foto foi tirada no show realizado em Nov de 2009 na frente das ruínas da enfermaria em Jaguarão. Foi um momento inesquecível pois sempre tivemos vontade de fazer um show do Caminhos de Si neste local histórico da nossa cidade e o momento foi o melhor possível pois neste dia foi o lançamento do projeto MUSEU DO PAMPA, o qual pretende revitalizar o local das ruínas da enfermaria e seu entorno.

terça-feira, 15 de março de 2011

Para nosotros, los que vivimos al sur del Río Bravo, cualquier patria es nuestra patria. Ernesto Che Guevara




Mensaje al mar

Me queda un sueño todavía
Como un pájaro cautivo
Que escapó de su prisión
Como una carta de amor en el bolsillo
Del soldado que murió...
No llegará, pero quizás...

Me queda un sueño todavía
Como una hoja que en el viento
Vuela y vuela sin parar
Como el mensaje en la botella
Que un náufrago echa al mar
No llegará, pero quizás...

Me queda un sueño y todavía
Tengo esperanza que un día
Mi soñar será verdad...
Quizás aún yo pueda ver
En esta tierra Americana
Florecer la verdadera libertad


Letra: Martim César - Música: Paulo Timm

quarta-feira, 2 de março de 2011

Luz Andaluz... estrela cadente brilhando pra sempre nas noites do sul.







Américas - CAMINHOS DE SI

Américas - CAMINHOS DE SI
Por ENILTON GRILLI



Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM



Cidade de Jaguarão. Recanto da pampa gaúcha. Fronteira que une dois povos. Lugar que junta três filhos. Um deles se adivinha no espelho nas rugas que vão crescendo. Outro, está no silêncio dos sonhos que vão morrendo. O outro ,compreende que não há fim no que não teve começo.Os três juntos descobrem que o destino é se perder nesse humano labirinto chamado vida. Um deles se chama POESIA. O outro, MÚSICA. O terceiro se chama ARTISTA. E os três juntos começam a andar os CAMINHOS DE SI. Está no ar o AMÉRICAS ESPECIAL CAMINHOS DE SI.Pela primeira vez na rádio o projeto poético-musical Caminhos de Si.AMÉRICAS e o primeiro grande passo dos três juntos - PAULO TIMM, HÉLIO RAMIREZ e MARTIM CÉSAR.Caminhemos todos juntos com eles.



CAMINHOS DE SI



Poema: Martim CésarRecitado: Paulo Timm



Caminhos de SiII



Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM



Nas selvas africanas, nos ritmos dos tambores tribais, nos povos arrancados do chão, nas charqueadas, nas senzalas, nos quilombos, na feitoria., nos CAMINHOS DO TEMPO INFINDO toda a história do CAMINHOS DE SI.



CAMINHOS DO TEMPO INFINDO



Letra: Martim César

Música: Hélio Ramirez e Paulo Timm

Recitado: Xiru Antunes



Caminhos de Si III



Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM



Na distante Ibéria, nas batalhas entre Mouros e Cristãos, nos oito séculos de domínio árabe, na reconquista, nos cercos dos castelos medievais, na epopéia lusa 'por mares nunca dantes navegados' ou nos acordes flamencos da Espanha de Don Quijote de La Mancha aí toda a vertente, toda LUZ ANDALUZ do CAMINHOS DE SI.



LUZ ANDALUZ

Letra: Martim César

Música: Hélio Ramirez



Caminhos de SiIV



Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM



Na pátria sem fronteiras, na terra dividida, no sangue derramado pelo povo, na primavera dia a dia reconstruída, nas altas cumbres da cordilheira.Pelo legado, pela estrela e pela esperança que continuará sendo nossa.Numa MENSAJE AL MAR toda a homenagem do Caminhos de Si ao grandioso Victor Jara.Victor Jara vive e revive nas vozes de Maria Conceição e Paulo Timm .



MENSAJE AL MAR



Letra: Martim César

Música: Paulo Timm

Cantam: Maria Conceição e Paulo Timm



Caminhos de Si V



Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM



Nas danças índias sob o sol, no extermínio de uma raça, na miscigenação forçada, nas alturas da cordilheira, nas correrias pela grande pampa de Artigas, na América Índia, na Ameríndia toda a semente do Caminhos de Si.



AMERÍNDIA

Letra: Martim César

Música: Paulo Timm

Recitado: Martim César



Caminhos de SiVI



Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM



MARTIM CÉSAR SOBRE HÉLIO RAMIREZ"O que me vem à mente é a influência de uma geração de músicos que não estava presa a regras musicais estáticas, nem a modismos passageiros. Cresci ouvindo grupos como o Americando, Santo Ofício, Acalanto Latino e outros. Tempo do festival de Pelotas que se chamava Charqueada. Ali estava o Hélio e suas composições que falavam de histórias que proporcionaram as primeiras descobertas musicais. "Havia a MPB (Chico, Vinícius e outros), a música tradicionalista (Gildo, Teixeirinha), a música Latino-Americana (Atahualpa,Zitarrosa,Mercedes) e também havia a música local. Cristina, a louca das ervas, a Salamanca do Jarau, o Afiador, o Barqueiro do Rio Jaguarão, etc..., enfim, temas que não se submetiam a fórmulas pré-concebidas"."Também da mesma geração - e que também fazia uma música sem fronteiras culturais - era o Arroio-grandense Basílio Conceição, quem deixou uma obra que transcendeu a sua vida e que sobreviverá muito além das canções comerciais que vem e passam sem deixar raízes. 'E eu te busco aqui dentro do copo, como um louco vagabundo, só eu sei como te amar' . Também estava Tadeu Gomes e sua melodia negra, vinda da Baixada Jaguarense, lugar de má fama e de ótima música. 'Quem roda do Cerro da Pólvora, porteira da ponte Mauá, adentra pelo Uruguai'."Haveria que citar também, o Jorge Passos, o Plínio Silveira, o Cláudio Vieira, o Régis Bardini, o Sérgio Cristino e tantos outros. Hélio Ramirez representa essa geração e essa visão musical, e foi esse aporte - além da amizade em noites de guitarreios - que trouxe o seu talento a essa obra que resolvemos chamar de Caminhos de Si".



MARIA, CHARQUEADAS E FRONTEIRAS

Letra e Música: Hélio Ramirez



Caminhos de SiVII



Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM

PAULO TIMM SOBRE MARTIM CÉSAR“Poeta que através da sua arte possui o dom de me inspirar melodias”. Numa frase toda a verdade de uma fecunda e brilhante parceria. Tem mais valor agora as velhas poesias que amarelam escondidas nas gavetas do teu quarto, Martim.Que entre a claridade e acorde o tempo que estava dormindo, pois, se é na verdade que o poeta se perde é na vida que ele descobre que jamais se pode parar.



DE UMA ANTIGA REBELDIA

Letra: Martim César

Música: Paulo Timm



Caminhos de Si VIII

Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM



MARTIM CÉSAR SOBRE PAULO TIMM"O que posso dizer é que por essas felizes coincidências que tem a vida, acabamos nos encontrando e descobrindo que tínhamos, além da amizade descompromissada, uma afinidade no tocante à música. "Não poderia ser diferente: meu pai foi durante mais de 20 anos o apresentador de um programa na Rádio Cultura de Jaguarão, onde os músicos se apresentavam ao vivo. Além disso, sempre foi um grande declamador, desses de se fazer ouvir em qualquer encontro onde haja uma roda de chimarrão e um fogo iluminando os ouvintes"."Já o pai do Timm foi um grande músico, talvez o maior, que teve a cidade de Jaguarão. O Seu Breno foi incentivador de várias gerações de instrumentistas locais. Andou cruzando o Rio Grande em apresentações e deixou de legado para o filho o dom musical". "Por isso, considero que não foi estranho que em nossos encontros para algum churrasco e até em algumas serenatas surgisse a necessidade de fazermos algo que fosse nosso". "Eu, desde muito cedo, comecei a escrever. O Timm, a tocar violão. Juntamos a sua grande capacidade melódica com os meus escritos (essa inexplicável vontade de registrar alguns anseios do espírito) e daí nasceu nossa parceria." "Montamos, então, um grupo chamado “Urunday” - que vem a ser a madeira utilizada como lança por algumas tribos. Esse foi o começo. Depois os festivais. As gravações por outros intérpretes, alguns prêmios – não muitos, pois nossa música é um tanto, digamos, diferente dos padrões normalmente aceitos na maioria dos eventos – e, por fim, nasceu a ideia desse encontro de gerações com o Hélio Ramirez". "Aí estamos. Viajantes, companheiros dessa estrada onde tudo se faz nada no engano de uma curva. Caminhantes, sonhadores deste tempo onde a vida é só um momento... uma luz na noite escura de um TEMPORAL.”



TEMPORAL DE SANTA ROSA

Letra: Martim César

Música: Paulo Timm e Régis Bardini



Caminhos de SiIX



Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM

A vida me ensinou que é o amor, e não a vida, o contrário da morte. Só vendo a intensidade e o amor que Martim César coloca em seus POEMAS DO BAÚ DO TEMPO ou quando conta histórias sob a luz de velas é que se percebe o quanto de verdade carrega essa frase. No BAÚ DO TEMPO de Martim César estão os manuscritos de uma época já quase esquecida. De quando todos os seus avós ainda eram vivos e ele era um pássaro de um céu sem nuvens. Tudo passou, ou melhor, tudo ficou no interior desse baú. No BAÚ DO TEMPO está a primeira pandorga, a bola de meia, os livros de Julio Verne, a gravura de D. Quixote que tanto o assustava, o barquinho feito com a folha de coqueiro e lata de azeite. No BAÚ DO TEMPO estão os amigos da infância, os amigos do colégio (por onde andarão?), os verdureiros, os leiteiros. No BAÚ DO TEMPO está o jardim de sua vó, a bergamoteira ...E num VELHO BAÚ SEM CHAVE está a bússola enferrujada de um navegante sem nave.Num VELHO BAÚ SEM CHAVE ficou trancado um relógio onde há muito tempo o tempo não passa.



NUM VELHO BAÚ SEM CHAVE

Letra: Martim César

Música: Paulo Timm



Caminhos de SiX



Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM



HÉLIO RAMIREZ"Ao andarmos pela maravilhosa orla da Lagoa Mirim e Lagoa dos Patos, deparamo-nos com uma árvore que sobressai nessa paisagem, coberta de dunas: as Figueiras. Centenárias e imponentes ali estão como testemunho de eras passadas; algumas, sobretudo as mais jovens, são retorcidas pela força dos ventos dominantes, eternos e temerosos (principalmente para navegantes que ousam cruzar essas águas do extremo sul). É também um exemplo de resistência, num meio agreste, inclemente e belo". O conjunto da obra do compositor e poeta Hélio Ramirez tem uma semelhança com as Figueiras, pois é um farol de resistência num mundo cada vez mais mesmificado, tecnicista e banalizado; capitaneado por uma globalização de mão única. Tudo ao norte, nada ao sul! O Brasil e a América, sem fronteiras, rica, bela e multicolor precisa ser tal qual as figueiras que Resistem...Resistem...E resistem...Tal qual Hélio Ramirez, que sobrevive esquecido como um DESERDADO.



CANÇÃO DOS DESERDADOS

Letra: Martim César

Música: Hélio Ramirez



Caminhos de SiXI



Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM



PAULO TIMM SOBRE HÉLIO RAMIREZ“Admiro a trajetória belíssima do Hélio Ramirez como cantor e compositor pelo estilo universal e pela simplicidade, mas acima de tudo por sua capacidade de emocionar os ouvintes”.HÉLIO RAMIREZ SOBRE MARTIM CÉSAR E PAULO TIMM"As poesias de Martim têm um latente humanismo e síntese muito difícil de se encontrar nessa atualidade tão coisificada. São poesias políticas, mas com um imenso oceano de amor e ternura. Segue assim velho amigo! "Eu admiro muito o Paulo Timm, pois seu trabalho é sério, profissional e abnegado. Nesse CD ele fez um trabalho de franciscano, ajudando em muito a lapidar a jóia que é Caminhos de Sí. Um grande músico. Um grande amigo.Três AMIGOS.Um, ARTISTA. O outro, MÚSICO. O terceiro, simplesmente, POETA.



DELÍRIO / PESADELO

Poema: Martim César

Letra e Música: Hélio Ramirez



Caminhos de siXII



Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5FM

Pelos caminhos do tempo infindo chegamos mais uma vez a Espanha. Espanha: 1605. Aos 57 anos o guerreiro e poeta Miguel de Cervantes publica a primeira parte de Dom Quixote, e com ela atinge a consagração literária. O êxito é imediato. A fama de Quixote, símbolo do espírito idealista e aventureiro do ser humano, leva o nome e o sonho de Cervantes além-fronteiras. Conhece então, por breve tempo, um pouco das homenagens que lhe seriam prestadas ao longo dos séculos. A segunda parte de Dom Quixote é publicada dez anos depois. Está completa sua novela de cavalaria, obra máxima do gênero que predominou na Idade Média. Mas naquela quadra do tempo o escritor e poeta, sem amigos, vive só, pobre, doente e esquecido. Sonho frustrado e incompreendido, o mundo já não lhe interessa. Em silêncio, recolhe-se a um convento franciscano. Era abril de 1616.E, como convém a um franciscano, um túmulo despojado, sem lápide carrega os sonhos de Cervantes e serve-lhe de última morada. Mas no teatro, na música e na poesia do Caminhos de Sí, o sonho de Cervantes existe, sim! Existirá depois! E já existia antes!



O SONHO DE CERVANTES

Letra: Martim César

Música: Paulo Timm



Caminhos de SiXIII



Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM



Busquem suas vertentes na distante Ibéria, nas batalhas entre mouros e cristãos, nos oito séculos de domínio árabe, na reconquista, nos cercos dos castelos medievais, na epopéia lusa 'por mares nunca dantes navegados' ou nos acordes flamencos da Espanha de D. Quixote de La Mancha. Busquem suas raízes nas selvas africanas, nos ritmos dos tambores tribais, nos povos arrancados do chào, nas charqueadas, nas senzalas, nos quilombos. Busquem suas sementes nas danças índias sob o sol, no extermínio de uma raça, na miscigenação forçada, nas alturas da cordilheira, nas correrias pela grande pampa de Artigas.Muitos caminhos levamos sob a pele mestiça que nos cobre. Somos europeus, negros, índios. Somos o resultado dessa fusão incoerente de tantos sangues. Dessa mistura nascemos. E foi dessa aparente impossibilidade que nasceu a nossa arte. Mestiça como a nossa raça. Cidade de Jaguarão. Recanto da pampa gaúcha. Fronteira que une dois povos. Lugar que junta três filhos. Martim César, Paulo Timm, Hélio Ramirez. Um deles se adivinha no espelho nas rugas que vão crescendo. Outro, está no silêncio dos sonhos que vão morrendo. O outro compreende que não há fim no que não teve começo. Os três juntos descobrem que o destino é se perder nesse humano labirinto chamado vida. Um deles se chama Poesia. O outro Música. O terceiro se chama artista. E os três juntos começam a andar os CAMINHOS DE SI. A estrada é sem fim e o caminho se faz andando.O Américas queria contar tudo.Contudo, tudo é apenas uma parte.Já que isso é apenas o começo.



CAMINHOS DE SI

Poema: Martim César

Recitado: Paulo Timm



Caminhos de Si Enilton Grill Jr. (Colaboração: Alan Otto Redü)

terça-feira, 1 de março de 2011

Apresentação

Num recanto da pampa "gaucha", numa fronteira que une dois povos, está situada a cidade de Jaguarão, com olhos voltados para a cultura latino-americana. Neste cenário repleto de nostalgia e de encantos nasce o projeto poético-musical "Caminhos de Si". Inicialmente idealizado para apresentação no II Fórum Social Mundial em Porto Alegre no verão de 2.003, posteriormente trabalhado para integrar o Projeto 277 no Teatro Sete de Abril em Pelotas, no outono do mesmo ano. Depois no Teatro España, na cidade Melo e no Teatro AEBU de Montevideo, na Casa de Cultura Mario Quintana de Porto Alegre, além de participar das comemorações dos 400 anos da obra imortal de Cervantes, D.Quijote de la Mancha, no Teatro Florêncio Sanchez em Paysandú – Uruguai.
Aos apreciadores da obra CAMINHOS DE SI informamos que este ano estaremos trabalhando para em 2012 lançarmos o nosso novo CD, denominado CAMINHOS DE SI 'O TEMPO'. Em função disso criamos este blog para colocar à disposição de todos o histórico deste projeto e os novos passos que estaremos dando até o lançamento do novo trabalho. Paulo Timm 01/03/11.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011


Caminhos de Si - Letras, fotos, acordes

Ao cair da tarde

É hora de arrumar as malas e ir
Partir e o coração ficar
Deixar a vida me levar e seguir
E os sonhos e os amores
Deixo pelos bares, lugares onde eu vou

Lá fora o mundo não espera por mim
Insiste em me fazer mudar
Girar na sua esfera sem fim
Meus passos nessa estrada
Deixam as pegadas
De um sonho que já terminou

Agora longe vão meus dias de paz
É hora de lutar
Embora o coração
Que não deixou o cais
Me peça pra voltar

E bate uma saudade
De tomar um mate
Na beira do rio

Ao cair da tarde
Me bate uma saudade
De tomar um mate
Na beira do rio... Jaguarão! Martim César/Paulo Timm